Ele estava sobre a mesa tão branquinho, tão solitário.
Ela estava jogada por cima dele carregando vida através de sua linda cor.
Ao lado desses entrelaçados, estava um fervente e cheiroso companheiro.
Não resisti e os agarrei tirando daquele estado de imobilidade.
Precisava cuspir o que estava dentro de mim.
Mas, sem a chatice das palavras humanas, sem as suas incompreensões e seus julgamentos "desendereitados", sem as suas perspectivas de "certo e errado".
O que eu queria era simplesmente ser ouvida.
Do agradável companheiro sorvi todo o seu aroma e o bebi por inteiro.
Peguei a garota por sua delgada cintura e através de seu pigmento desenhei pelo branquicento corpo do solitário todas as palavras as quais me vinham vindo, sentimentos que afloravam, vontades dilaceradoras, angústias farpantes, sonhos os quais se tornam cada vez mais utópicos... em suma, tudo o que dentro de mim poderia existir.
Não é a primeira vez que isso acontece. Isso na verdade sempre acontece.
Sou assim, necessito disso: deslocar-me do real e envolver-me com a irrealidade a qual não avilta lucro e nem vantagens, ela simplesmente expande suas portas tornando o incompreensível na verdade mais concreta e o amargor dos dias no maior prazer o qual se pode provar.
A esse deleite? Nada se compara.
Aliás, nada substitui uma bela noite com esses meus amantes, NADA.
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